Setembro mal começou e já tem sido um mês de muitos aprendizados e muita adaptação por aqui. Depois que me mudei de Belfast para a Alemanha, muita coisa vem acontecendo: muitas adaptações e novos começos, como falei um pouco no texto de agosto.
Rolando pelo Pinterest um dia, vi uma citação com tom humorístico sobre o quanto, às vezes, a gente já quer ser muito bom em algo que acabou de começar, e pude me identificar com isso ainda mais nesse momento presente, fazendo um curso de alemão. Minha ideia ao chegar aqui foi ter alguma coisa para fazer, e voltar a estudar me pareceu uma boa forma de tentar receber algumas sugestões e dicas úteis de como poderia dar continuidade ao aprendizado dessa língua tão difícil e cheia de estigmas. Mas, preciso dizer: não tem sido fácil.
Primeiro, porque o percurso até a escola é bem longo todos os dias, é preciso acordar super cedo e lidar com toda a complexidade que é aprender um novo idioma. Eu diria que essa é uma das experiências que mais tem me colocado em um lugar de humildade, porque é como se eu sentisse que acabei de nascer nessa língua e preciso reaprender todas as coisas que já faço em português e em inglês, agora em alemão. É muito difícil para nós, seres humanos (ou talvez melhor dizendo, para alguns de nós), nos permitir ser ruins em alguma coisa, principalmente quando estamos apenas começando. O percurso de fazer algo bem feito — aprender, praticar, adquirir experiência e habilidade — é doloroso, exige disciplina, vulnerabilidade e tempo. Com certeza não é um caminho fácil ou linear: é cheio de altos e baixos. A carga mental e emocional é grande, e tenho começado a experimentar isso de uma forma que nunca tinha experimentado antes.
Mas, ao mesmo tempo que é sobrecarregador em muitos momentos, esse processo também tem seus aspectos positivos: conhecer pessoas novas, ter o privilégio de aprender um idioma morando no país e, claro, a parte prática que facilita muita coisa. É uma bênção mesmo. Esses dias me lembrei de quando dava aula de inglês para outros missionários lá em Goiânia, e eu olhava para os meninos tendo a oportunidade de aprender por imersão. Eu ficava pensando comigo mesma o quanto seria maravilhoso viver algo assim — e hoje estou aqui, vivendo algo parecido. Que loucura é a vida! Como acontecem coisas tão maravilhosas que não tínhamos como prever… É coisa de Deus mesmo.
Esse processo tem me colocado nesse lugar de humildade: admitir que não sei muitas coisas, me permitir ser ruim e até medíocre, porque estou apenas começando. Isso também tem me feito repensar minhas cobranças pessoais, que às vezes são tão desumanas.
Esses dias, em terapia, falávamos sobre como esse processo que tenho vivido aqui na Alemanha tem sido como uma construção: é preciso nivelar o terreno para então lançar a fundação, para que o que for construído seja seguro e duradouro. Não poderia existir uma alusão mais verdadeira que essa.
Esse tem sido meu processo neste mês de setembro. Sei que é apenas o começo e que preciso ter muita paciência, coragem e também resiliência. Se você está passando por algo parecido, precisando nivelar o terreno para qualquer que seja a construção, vamos juntos nessa, olhando com carinho para nós mesmos. Os processos já são difíceis e desgastantes demais — a gente também precisa aprender a contar com a gente e a ser gentis conosco. Só assim conseguiremos estender essa gentileza e acolhimento ao nosso próximo.
Texto escrito dia 09 de setembro, às 19h55.
Texto bíblico para sua meditação: Mateus 7:24-27
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