Pular para o conteúdo principal

Take it for granted


(Talvez o que vem pela frente seja maior do que o que você esperava) 

      Não quero me acostumar com a vida, e fazer dela uma rotina, ainda que a rotina seja boa e faça bastante parte dos nossos dias. Digo isso pois não quero me acostumar com a vida com Deus e tornar tudo comum, sem aquele ânimo e fascínio que outrora era tão presente.

     Voltei do Recife faz menos de uma semana, fui pra lá para participar de um treinamento de evangelismo como tradutora (ui, tradutora, como a vida dá voltas né? Jamais imaginaria que aprender inglês me traria aqui) e foram dias muito intensos e cheios da vida de Deus, e isso falou muito ao meu coração. Antes de chegar lá eu estava meditando bastante naquela passagem que Deus diz a Pedro para não tornar comum o que Ele tinha purificado, se referindo aos gentios e como Ele também tinha vindo para esse povo. Mas para mim, eu comecei a digerir essas palavras como se o Senhor falasse comigo sobre não tornar comum a vida com Ele, não me acostumar com tudo, existe uma expressão em inglês que cabe perfeitamente aqui “take it for granted” que traduzindo literalmente significa: tomar por garantido, ter como garantia, então não quero take it for granted a vida com Deus.

     Esses 15 dias no Recife me chacoalharam, chorei constrangida diante de Deus por ter me acostumado, por dizer que chorar e se animar com as coisas em Deus é coisa de quem é novo convertido, novo na fé. Quanta bobagem! Isso é coisa de crente, de quem ama o Senhor. Chorar em sua presença ao pensar no seu amor, ao pensar de onde Ele me tirou e me trouxe, de tudo o que Ele tem feito e de tudo o que Ele ainda fará, por viver uma vida ao Seu lado, chorar por que amá-lo é maravilhoso, servi-lo é melhor que a vida. Quero ser assim para sempre. Não quero perder esse fascínio. Não quero tornar comum.

    Sabe, eu quero ter lágrimas nos olhos, quero que eles brilhem ao falar do meu Senhor, quero que dentro de mim exploda uma mistura de gratidão, temor, amor e serviço ao meu Deus, quero que haja uma urgência em meu peito de pregar o evangelho, ainda que sem fazer muita coisa, ainda que só vivendo a maneira que Ele me ensina a viver. A me dispor em amor, obediência e temor ao seu Reino, ao que Ele tem feito. Ainda que vivendo uma vida ordinária de uma forma mais ordinária ainda, tendo Ele como prêmio, como recompensa, como alvo. É sobre isso. É tudo sobre o que Ele fez e continua a fazer. E eu quero escolher a melhor parte. Quero ser Maria. A que ficou aos pés do Senhor e Maria a mãe de Jesus, que guardava todas as coisas meditando em seu coração.

    Meu pastor sempre diz que melhor é como a gente termina, mais importante do que como a gente começa é como a gente termina. E pensar nisso tem sacudido meus pensamentos, porque eu quero terminar bem. E não me refiro só a 2021, mas a vida, a jornada aqui na terra que é breve mas não é rápida. Quero terminar servindo o Senhor. Seja no Brasil, Europa, América e até os confins. Eu quero servir o meu Senhor. Desesperadamente quero amá-lo e me entregar, meus dias, meus planos, meu coração. Que nada seja meu, mas que tudo seja dEle e por Ele. Quero terminar minha vida aos seus pés. Quero viver todos os meus dias em sua presença. Ele que é digno de abrir o livro e desatar os selos. Ele que desde a eternidade é e sempre será.

     Como você quer terminar seu ano? Ou melhor, sua vida?


Atos 10:9-16 (o versículo 15 é o que mencionei no texto) 

Comentários

  1. Isso mesmo garota, viver com Deus sempre nos dar novos olhares, novas descobertas e participar de tudo que Ele tem feito no mundo é simplesmente amazing 😍😍

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Rute e Ester, mulheres que viveram por um propósito

 Olá amigos, não sou muito de compartilhar as meditações que faço ou leituras bíblicas e achei isso um desperdício, então hoje estou aqui escrevendo as meditações e coisas que aprendi com a leitura dos livros de Rute e Ester. Gosto muito de ler as histórias das mulheres na Bíblia, de onde vieram, o que fizeram, como viveram e como sempre houve espaço para elas nas sagradas escrituras quando Deus é/foi o Senhor de suas vidas.  Antes de prosseguirmos gostaria de explicar as categorias ou questões que procurei responder com a leitura dos livros, que foram dividas em: Contexto, propósito do livro, temas e as aplicações/lições que aprendi. Minha Bíblia é a de estudos da mulher então para cada novo livro há uma folha de introdução respondendo todas as questões sobre o livro em si. Vamos lá? Rute: Contexto: Começa e termina em Belém, na cidade de Moabe (terra que se originou pelo incesto entre Ló e sua filha mais velha). Propósito: Relacionamento quotidiano de uma família comum....

Uma lição sobre dinheiro

Sei que falar sobre dinheiro, e um assunto delicado, pra mim, muito. Mas recentemente vivi um acontecimento que me fez querer compartilhar uma lição. Esse ano depois que renovei o visto e comecei a trabalhar pra igreja recebendo um salário, muita coisa mudou, inclusive o fato de que eu teria que pagar aluguel, no início fiquei bem receosa e triste, porque pensava: poxa, dessa vez eu vou receber um salário, quero fazer x e y e guardar dinheiro pra z, mas tudo não aconteceu do jeito que queria, o que não e novidade na vida de ninguém. Estava segurando forte o dinheiro com minhas próprias mãos. Resumindo a história: encontrei uma casa pra pagar um aluguel mais barato e que ficasse mais perto do meu trabalho, tudo muito lindo nos meus planos, mas no dia da mudança, tive uma surpresa desagradável: a casa estava numa situação suja e feia, fedendo a cigarro, sem trancas nas portas, sem segurança e sem vida, e eu? Chorei, bem ali sentada na cama. Ainda bem que quando coisas ruins acontecem, De...

É dentro dos relacionamentos que a vida acontece

As duas maiores lições que tenho aprendido ao longo desses dois anos aqui em Belfast, na Irlanda do Norte, tem a ver com pessoas; hospitalidade e relacionamentos. Tudo bem que as duas coisas estão interligadas, mas nem sempre é óbvio. Só pode existir relacionamento se houver mais de uma pessoa envolvida, e só pode haver hospitalidade se existirem um anfitrião e um hóspede.  Ao longo desses dois anos e acredito que bem antes disso, tenho me percebido tornar-me uma pessoa menos extrovertida, mais reservada ainda e mais seletiva, introvertida, mas ainda assim amo estar com as pessoas, mesmo que depois tenha que descansar em silêncio e sozinha, no fim também me recarrego estando ao lado das pessoas. E refletindo hoje sobre isso, entendi que a vida acontece dentro dos relacionamentos, sejam eles quais forem. Pois é no relacionamento com o outro que somos moldados, exortados, animados, amados e confrontados, e é bom que seja assim. Deus nos livre de uma vida sozinha, centrada no eu. Que ...