Aos 24 parte 1
Aos 24 questionei a vida. Por que estamos aqui? Qual o propósito da vida? Da dor? Do medo? O que significa viver? Morrer?
Aos 24 sofri. Questionei minha fé. Será tudo isso verdade? Onde está Deus? Posso confiar nisso tudo? O que estou pregando aos outros? Será tudo verdade? Onde está Jesus em tudo isso? Por que Deus não me tira desse sofrimento?
Aos 24 tive medo. De morrer, de sofrer, de continuar triste, de ir dormir com tantas dúvidas e acordar com uma angústia no peito. De nunca mais ser feliz. De nunca mais ter paz nos dias, na alma. Tive medo de viver e de perder as pessoas ao meu redor.
Aos 24 entrei numa crise existencial. Percebi o quanto havia me ignorado, posto minha confiança, credibilidade e valor nas funções que exercia e não na pessoa que sou. Viver se tornou difícil.
Aos 24 não queria morrer mas nãos sabia como viver. Ou como continuar dessa maneira. Tudo parecia tão mais difícil do que era. Olhei a tristeza nos olhos mas não sorri (como na música dos Arrais) chorei, procurei na companhia dos outros consolo.
Aos 24 valorizei mais meus amigos, que mesmo não sendo tantos em quantidade são muitos nas qualidades, no suporte, apoio, nas orações. Nos momentos em que só estavam, só eram. Mais ainda assim não era suficiente, porque no fim o vazio da alma é maior do que qualquer coisa que esse mundo pode preencher. Ou alguém humano e falho como eu. Valorizei a eternidade que Deus colocou no nosso coração.
Aos 24 senti dó de olhar para pessoas idosas ou em pensar em todos que já se foram. Era como um olá da morte. Mas eu queria e quero viver. De verdade. Senti dó de mim também e de todo meu sofrimento.
Aos 24 entendi que a vida é breve mas em todos os dias em que acordava com dor e angústia no coração ainda assim não podia apagar o fato de que estava viva, e que isso por mais difícil, misterioso e complicado de entender que seja, é inegável. Vim de algum lugar e estou indo à algum lugar. O meu corpo físico demonstra isso. A paisagem, as flores, árvores a vida que está em todo lugar e é impossível de negar. Estou viva. O mundo existe. Há mais para a vida do que os olhos (físicos) podem ver.
Aos 24 chorei, berrei, implorei. Senti vergonha, medo, ansiedade, terror e desespero. Senti vergonha de compartilhar algumas coisas, mas pedi ajuda. Comecei terapia, entendi que precisava enfrentar.
Aos 24 me vi humana. Falha, falível, frágil e totalmente sem controle das coisas. Me vi impotente. Pecadora. Miserável, falha, cega e nua. Totalmente nua. Na alma, nas emoções.
Aos 24 a dor de existir me esmagou e despedaçou. Mas também me ajudou a construir certo. Ou melhor dizendo, reconstruir.
Aos 24 estou lutando. Um dia depois do outro. Luto com a dúvida, o medo, a ansiedade, o desespero e a desesperança. Estou lutando pra viver. E não só sobreviver. Talvez nem queira tanto todas as respostas. Quero paz, na alma, na vida.
Aos 24 resisto. Creio ainda que duvidando em um momento ou outro. Aos 24 me rendo. Entrego. Espero. Oro. Continuo. Choro. Luto. Descanso. Desisto. Recomeço. Estou como Jacó quando luta com o anjo, a noite é longa, fria, difícil mas há de passar. Só O deixo ir quando me abençoares. Ainda que saia desse encontro mancando. Tudo bem. Consigo lidar com um mancado. Só não consigo lidar sem a presença dEle.
Aos 24 sigo firme.
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