Sobre esse tempo em Goiânia

 



 

      Dia desses uma amiga comentou comigo como que a gente não sabe aproveitar bem as coisas, principalmente as que são boas. E ela me dizia que esse tempo específico que estamos vivendo juntas, aqui em Goiânia servindo na escola de inglês, iria passar rápido e que talvez não veríamos mais as pessoas com quem estamos convivendo hoje, que seria um tempo que nunca mais vai voltar, assim como todo o tempo que vivemos antes.

       Por mais que isso seja  óbvio parece que uma chavinha girou na minha cabeça, e sempre que vivo um dia bom que eu sei que será uma memória gostosa de se lembrar em um futuro, pego-me dizendo a mim mesma para aproveitar mais, para gastar esse tempo bem, fazer uso dele com qualidade.

      Hoje foi um desses dias, acabo de voltar de umas horas de estudo com um grupo de pessoas a quem admiro, respeito e gosto de estar na companhia. Discutíamos sobre a verdadeira espiritualidade e todas essas ramificações, compartilhando testemunhos, falando da vida, da beleza, de Cristo, da salvação. Senti-me tão grata e feliz, com o coração cheio, disse a Deus um muito obrigada por esse tempo aqui, e decidi escrever essas linhas. Sobre esses dias que tenho vivido e o que tenho aprendido.

     Descobri que dentre as muitas coisas que preciso ser cuidadosa e lutar contra, é a minha auto sabotagem, de ficar sempre à espreita de que algo ruim vai acontecer a qualquer momento, de não confiar que boas coisas acontecem e que nem sempre serão um prelúdio de algo ruim. E isso me ensina o que a minha amiga mencionara antes: aproveitar esse tempo aqui. Sejam as coisas boas e as ruins, que sempre ensinam algo. A vida é isso que está acontecendo aqui e agora.

    No aqui e agora estou vivendo um tempo muito bom e desafiador também, me sinto cansada, choro, sinto-me insuficiente, desconfio, tenho medo, lido com a saudade, com as fragilidades do meu próprio coração. Ainda lido também com minhas falhas e pecados, e preciso sempre me voltar ao Senhor, resolver aquela crise de sempre, e acho que me caiu muito bem aprender sobre a verdadeira espiritualidade, pois vivê-la é caminhar em santidade ao lado de Jesus, não permitindo devaneios tolos de que a conseguirei sozinha e nem muito menos impor fardos e pesos desnecessários, pois caminhar com Jesus é leve. Mais uma coisa à adicionar nessa lista do que tenho aprendido e que ainda preciso aprender.

     Mencionei lidar com a saudade e aprendi recentemente que esse sentimento me faz procurar as pessoas que amo e sinto falta, em alguém na rua, na risada de um amigo, em um tópico de conversa banal do dia-a-dia, é rever uma foto ou lembrar de um bom dia ao lado da minha família, é procurar o conhecido e familiar em um ambiente novo e diferente, que no fim se mostra tão igual. A saudade é a prova de pertencimento, de amor, de acolhimento.

    Sabe, ainda estou lidando com a minha velha ansiedade em muitas coisas também, vez ou outra ela aparece, me apressa e me faz perder o melhor do presente, e descobri em uma oração que não quero sempre voltar aos mesmos textos bíblicos quando Jesus nos ajuda a lidar come esse sentimento tão ruim, porque eu já quero passar para o ponto em que eu obedeço ao que eles me dizem. Olha eu sendo ansiosa de novo.

    Esses dias em que tenho vivido também tem me ensinado sobre gratidão e contentamento. De olhar para trás e ver todos os caminhos que percorri e que me trouxeram até aqui, e isso me faz feliz. Porque o caminho percorrido conta uma história que pode me trazer esperança e é o indício de que há mais a percorrer, que ainda não acabou. De me trazer aquela sensação boa de ser só o começo, de não subestimar o Senhor em todas as boas surpresas que ainda me aguardam, e que podem ser tanto ou iguais aos dias mais felizes que já vivi.

     E por último, aprendi que não é porque gosto de escrever ou que escreva bem até, que significa que vou publicar um livro. Pode ser que nunca aconteça, mas me contento hoje em poder me expressar ainda que um ou dois leiam os devaneios malucos da minha cabeça pensante e sonhadora... ah, tão sonhadora! Os livros, a escrita são mágicos. E ah, também sou muito grata pelos livros e preciso ainda aprender a não me cobrar em ler todos de uma vez, ou ler os clássicos por que isso me deixará mais inteligente. Ainda que o faça. Não é isso que importa, é a fruição. Outras vezes é a instrução também e em muitas outras, é um lugar entre elas.

     Por fim, quero aprender a realmente estar contente de contentamento e de felicidade. Não que ache que sempre estarei feliz, mas é aquela coisa de uma frase que li uma vez que dizia: Nem sempre todo dia será bom, mas sempre haverá algo bom todo dia. Sou grata pelas coisas boas de hoje e desse tempo. Lembrar a mim mesma que tudo que vivo hoje é pela misericórdia do Senhor, e muitas dessas coisas foram pedidos de orações silenciosas e chorosas em um passado não tão distante.

    O bom da vida, é viver. Viver ao lado de Deus!

Salmos 73:21-28 

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