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Low profile e a insignificância

 


     Tem me dado uma certa sensação de satisfação olhar para os meus arquivos no instagram e perceber o quanto tenho postado pouco. Porque de verdade sinto que estou vivendo mais. Na íntegra, não deixando de aproveitar o rolê, a companhia ou a boa comida, para tirar foto. Acho vantajoso ser meio low profile (termo em inglês que significa discreto ou alguém que não é muito ligado as redes sociais). 

     Entenda, não quero ficar aqui criticando a internet naquelas frases que parecem saídas de um para-choque de caminhão. É só que estava pensando numa coisa que me ocorre vez ou outra, a sensação de me sentir meio insignificante. Não que eu queira ser famosa ou sei lá, é só que com o tanto de postagens e engajamentos, mais um influencer descoberto, contas famosas, me fazem sentir meio assim, que não importo. Que não há o que registrar ou compartilhar. Talvez seja ansiedade dos tempos modernos. Depois do advento da internet a vida anda mais rápida, parece que estamos sempre na urgência com tudo. 

     E aí eu me recordei de uma citação que vi por aí, olha que ironia, na internet. Sobre não duvidarmos do quanto nossa vida pode e influencia sim a vida dos outros, algo como "Alguém leu o livro que você recomendou e caiu de cabeça nele, alguém ouviu aquela música e lembrou de você..." e fez todo o sentido para mim. Seja low profile ou não todos somos importante para alguém, ainda que sejam 5 pessoas. Quem foi que disse que o que conta é a quantidade?

    Talvez seja na insignificância que esteja nossa relevância. Talvez a vida seja isso: viver, sorrir, sonhar e aproveitar bem aquelas pessoas que nos amam de verdade. Que mandam mensagem perguntando como andam nossas janelas, ou dizendo que estão com saudade, que nos amam, que oraram por nós. Ou aquelas pessoas que nos mandam memes e vídeos engraçados, porque sabem que vamos rir. Porque ás vezes a gente precisa que alguém note que precisamos sorrir mais. Isso é que é ser rico, ter com quem contar quando a vida aperta nosso calo.

     Pensei também em Abraão, quando Deus lhe diz: Vá e sê tu uma benção. Poxa, eu quero ser uma benção, sendo low profile ou não, insignificante ou não. Quero que minha presença seja leve e traga luz e ânimo. Quero fazer a diferença no mundo, mesmo que o "mundo" seja só a minha rua, ou meus pais. No fundo é assim que quero viver: Sendo amada e amando. Servindo, cantando, contando piada ruim, sendo meio rabugenta e chata algumas vezes (ou todas elas). Sabendo com consciência que minha vida tem propósito, e a sua também. Sendo low profile ou não. 

Obs: Quero dedicar esse parágrafo aqui para os meus pais, que me fazem sentir amada, protegida e importante. De vez em quando até choro quando eles fazem coisas que comprovam que me amam mesmo, ainda que esse seja o trabalho deles. Obrigada por serem duas dessas cinco pessoas que eu citei no texto. Amo vocês. Acho que fica meio que um gesto grandioso quando é público, não é?  

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