É que a vida vai dando certo aos poucos

Muitas coisas aconteceram aqui em pouco tempo. Na verdade foi um efeito dominó, fui jogando tudo pra debaixo do tapete, uma sujeira por vez e quando vi já era um monte de lixo. Então fui correr atrás do prejuízo, de me ter de volta. Me encontrar onde eu tinha me perdido.

Logo achei. Perdi-me nos planos que se frustraram, nas alternativas que se mostraram insuficientes para concertar ou dar um fim diferente ao que tanto desejei. A frustração veio, as perguntas sem respostas. A falta de garantia. A dor do não e no fim, crescimento . Entendimento que é um passo por vez, a tenda tem sido alargada mas junto com ela as estruturas, senão a barraca arrebenta. E realmente isso dói um pouco.

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É como as dores do crescimento. Quando era criança sentia algumas dores nos pés, me diziam que podia ser esporão ou dor do crescimento, pois meu corpo estava esticando, crescendo, era natural. Hoje acredito que esse desconforto nunca acaba pois junto com ele vem a perda. Dos brinquedos que já não brincamos mais quando crianças e começamos a crescer, das roupas e sapatos que deixam de nos caber, junto com os lugares que já não se mostram tão aconchegantes assim. E é uma dor física mas ao mesmo tempo emocional. De despedida.

Foi assim comigo. Tem sido na verdade. Sempre será pois estou viva e vivendo. E que bom. Pois a vida é dinâmica, se a tenda tem sido alargada junto com o desconforto da estrutura é porque tenho chegado a novos lugares. Mas é um passo de cada vez. Uma perda por vez. E um olhar para o caminho e ver o tanto que caminhei, sabendo que o progresso mais importante é o interno.

Pois é aos poucos que a vida vai dando certo. Um dia por vez. Dos mais insuportáveis aos mais leves e docinhos. E olha que ainda estou em um lugar escuro, um vale que não acaba. Mas há os dias em que o aconchego vem, há os dias em que sinto que Deus caminha ao meu lado e em outros que ele me carrega no colo, porque é o longo e difícil o caminho. Mas o desafio, a dificuldade e a dor moldam um coração bonito. Porque é na tristeza que se faz melhor o coração (Eclesiastes 7:3).

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