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Tempo, tempo, tempo...

 


“Os cristãos são pessoas que esperam. Vivemos num tempo limiar, num já e ainda não. Cristo veio e retornará. Nós vivemos no meio tempo. Nós esperamos.” (Liturgia do ordinário página 155.)

     Já faz um tempo que essa época do ano é bem complicada para mim. Preciso lutar contra uma melancolia recorrente por essa época. É inevitável não senti-la, e repensar todo o ano e todas as coisas que aconteceram, especialmente em um tempo como esse. Em um ano como o que vivemos. E essa é só uma das minhas batalhas contra o tempo.

     Estou lendo o livro ‘Liturgia do ordinário’ uma obra belíssima e uma leitura muito gostosa e edificadora. E no capítulo 8 as lágrimas escorreram pelos meus olhos, essa parte do livro retrata sobre a espera e nossa relação com ela. E não sou uma pessoa muito paciente, que sabe esperar bem, umas das minhas grandes batalhas é contra essa ansiedade extrema com todas as coisas, e esperar sempre foi muito difícil pra mim. Aquele negocio de sempre ter pressa com todas as coisas e o quanto  aprender a contemplar é sempre um grande avanço.

   E chorei. Porque continuo a ter pressa. Porque continuo a querer que tudo passe muito rápido, seja essa época do ano, seja uma estação de dificuldade. E por vezes achar que esperar é perder tempo. É ver nada acontecer. É fazer do tempo um deus. Ou por achar que Deus tem demorado, que não tem me visto. E isso não é verdade. Nem um pouco. Só revela o quanto preciso voltar meus olhos para o Senhor e submeter minha vida ao seu senhorio. Que está em todas as coisas. E lembrar que quem eu sirvo na verdade, é o Senhor do tempo.

“O tempo gira em torno de Deus: O que Ele fez, o que ele está fazendo e o que ele fará.” (Página 160)

    Não quero continuar a ter pressa. Ou ser refém da espera. Pois na vida, a gente espera demais. Por muitas coisas. Por tudo. É sempre um ritual. Esperar, se alegrar e ter esperança (como no livro retrata). Não sei o que vai acontecer amanhã, se meus planos vão dar certo, mas no fim tudo o que está destinado a acontecer, acontece. Pois essa é a soberania de um Deus que é senhor do tempo. Ele faz e fez todas as coisas para determinados fins. E todos os seus planos são redentores.

    O que a gente precisa é de redenção. E esta só em Jesus. Natal e ano novo são épocas boas pra gente se lembrar disso. E planejar (ou não) um novo ano sem esquecer quem é mais importante que todas as coisas!

Pra que a gente se lembre que esperar nunca é em vão: “Deus está trabalhando em nós e por meio de nós enquanto esperamos. Nossa espera é ativa e cheia de propósito. Meu amigo Steven o agricultor-profeta me lembra de que um campo em pousio nunca está dormente. Enquanto a terra espera que se plante e cresça nela, há uma obra sendo feita invisível e silenciosamente. Microrganismos estão se reproduzindo, se movendo e comendo. Vento, sol, fungos e insetos estão dançando uma delicada dança que fertiliza o solo, deixando-o mais rico e melhor, preparando-o para a plantação” (página 163).

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