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Julho: Meu aniversário, viagem para Maiorca e fazer listas



        Uma das coisas que sempre me ajudam muito quando me sinto ansiosa é escrever. Já relatei em outros textos a minha dificuldade de viver e encerrar ciclos, e desde o início do ano estive muito ansiosa depois de tomar a decisão de não continuar em Belfast, querendo que o tempo passasse rápido e que eu pudesse viver o próximo passo (aquela coisa da pressa de viver, e tal). Pensando e sentindo todos esses sentimentos conflitantes, resolvi escrever coisas que estavam para acontecer até o meu tempo aqui em Belfast finalmente terminar. Dentre elas, estava escrito: celebrar meu aniversário e a viagem para Maiorca com meu noivo e minha futura família alemã. Quando escrevi essa lista, senti como se tivesse motivos para ver o tempo passar sem todo aquele pesar da espera. Como li uma vez (e já escrevi sobre isso também), toda espera é sofrer o tempo, e não tem como fugir disso. Ao fazer listas dos eventos que estavam para acontecer, fui me animando e sentindo aquela ansiedade boa de estar prestes a viver coisas boas e novas.

    Fazer aniversário não é uma das coisas mais importantes para mim. Não sou do time que celebra a semana inteira, nem daquele que odeia e só quer que o dia acabe. Acho que me encontro no meio: gosto de fazer algo legal, me levar para sair ou fazer algo diferente. Não me importo muito com festa ou presentes (embora seja sempre bom ganhar presente), mas é um dia que, para mim, me deixa bem reflexiva e muito grata por mais um ano que passou, que vivi, e por toda a oportunidade de um novo ano a seguir. Acho que fazer aniversário me lembra muito que a vida é uma dádiva que nos foi dada, que nunca sabemos o dia de amanhã e que precisamos, sim, celebrar — sermos gratos a Deus pelo fato de termos saúde, amor, comida no prato e coragem para correr atrás dos nossos sonhos e desejos.

      Este ano completei 27 anos, e é muito louco pensar que a vida adulta é tão diferente e tão mais difícil do que eu imaginava, e que estou perto dos trinta anos. Mas também estou feliz demais pelo rumo que minha vida tem tomado. É uma vida simples, ordinária, com muitas coisas boas e também muitas coisas ruins e dificuldades — como a vida de todos nós —, mas que, no fim do dia, é uma vida boa!

     E falando em dádiva, viajar para Maiorca foi literalmente um presente (graças à minha familinha alemã). Foi um tempo muito precioso de estar junto com a família do meu noivo, ouvindo alemão constantemente e sendo inserida na vida de pessoas que estou tendo a chance de conhecer porque um dia respondi a uma mensagem num aplicativo de namoro cristão. Dois anos e meio depois, lá estava eu, dormindo e acordando com pessoas que fazem parte da vida do Gideon desde que ele nasceu. É muito louco pensar que um dia estávamos nos conhecendo, e que hoje nossas vidas têm, a cada dia, se entrelaçado mais e mais. O vínculo do amor é tão real, e quando fazemos um compromisso com alguém, tem muita coisa envolvida — muitas outras pessoas envolvidas também.

     Acho que viajar também é algo muito terapêutico. Embora estressante e cansativo, recarregamos o nosso tanque de lazer enquanto nos cansamos em outros aspectos. Mas, para mim, um dos dinheiros mais bem gastos sempre envolve alguma viagem. E eu tentei aproveitar o máximo que pude, vivendo o presente, esquecendo que dia da semana era e até mesmo de toda a minha vida fora dali — pelo menos durante a semana em que estive ali de lazer. Maiorca é linda, com um mar de água cristalina, uma cidade bem litorânea e também bem turística. Quero muito poder voltar, e isso já indica o quanto gostei de lá.

     Pensei muito sobre o que ia escrever para este mês. Fui inventar de tentar escrever um texto por mês para relatar alguma experiência ou nova vivência e sempre tento transformar em palavras escritas alguma coisa para o blog. Posso dizer que não tenho uma lição tão grande ou um insight poderoso, mas acho que este mês pude mesmo relembrar que, na vida, existem motivos a serem celebrados, o quanto é importante viver no presente e que, no fim do dia, por mais comum que a minha e a sua vida sejam, isso não as torna menos dignas de serem celebradas. E que precisamos nos lembrar que vivemos, sim, vidas boas — e graças a Deus por isso.

    Espero que agosto seja também um mês lindo e desejo tudo de bom para você. É sempre um prazer escrever para você. Nos vemos no próximo texto.


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