Faz algum tempo que recebo um conselho — um feedback bem específico — das pessoas mais próximas a mim. E, claro, toda reflexão acaba virando texto (ou quase todas), então aqui estamos.
O conselho/feedback é: "Celebre, Mari." Ou: "Está faltando mais celebração." E eu concordo com essas falas. Não sei por que celebrar as coisas da minha vida sempre foi tão difícil. Acredito que é porque estou sempre preocupada e focada na próxima coisa — seja na lista de afazeres, em alguma resolução, seja no motivo da minha mais recente ansiedade — ou talvez em algo ainda mais profundo, que eu não parei para sentar e sentir, tentando encontrar a raiz.
E quando falta celebração, sinto-me insatisfeita, infeliz, ranzinza, e até esqueço de contemplar o quanto Deus tem feito na minha vida. É tão fácil olhar para a vida dos outros e celebrar suas conquistas, mas é tão complicado quando se trata de nós mesmos — pelo menos para mim. Acho que, no fundo, eu sempre fico esperando "qual é a pegadinha" quando as coisas vão bem. É quase como se eu tivesse me acostumado com uma vida difícil ou com notícias ruins. Não que haja explicações lógicas para isso — nunca passei por sofrimentos tão profundos assim — mas, por conta da ansiedade, estou sempre me preparando para o pior.
Enquanto nada aconteceu, já bolei mais de três planos diferentes caso este ou aquele cenário aconteça — e são sempre catastróficos. Viver dessa forma é muito ruim. E só fui perceber o quanto estava faltando celebração na minha vida quando o momento no qual estou vivendo chegou — prestes a me casar — o que é um sonho. Talvez não tenha sido o maior sonho da minha vida, mas certamente estava ali, competindo com os dois primeiros da lista: aprender inglês e viajar para fora do Brasil.
Encontrar alguém da forma como foi — no tempo, no cenário, em tudo — foi realmente algo nada típico e muito especial.
Ainda não encontrei a fórmula certa para celebrar mais as boas coisas que me acontecem, ou as estações pelas quais estou passando, mas talvez admitir que essa falta existe seja o primeiro passo para que não continue sendo assim.
E, por falar em celebração, celebrei meu chá de novinha nesta última semana, com pessoas que escolhi a dedo — que fizeram parte da minha história, que acompanharam desde quando comecei a namorar o Gideon até ficarmos noivos. Foi muito gostoso me permitir não pensar em nada que pudesse dar errado. Apenas estar ali, no presente, viver aquele dia do jeito que me propus: comer comidinhas gostosas, ter boas conversas e agradecer por esse tempo tão especial que estou vivendo — e prestes a viver.
Acho que, no fundo, escrevi esse texto mais como um lembrete. Para que, toda vez que faltar celebração, eu me lembre que a vida realmente não é só feita de coisas boas ou milagres. Que sim, existem muitas dificuldades, tristezas e problemas — mas que dá para viver o doce e o amargo na medida certa. Porque foi exatamente isso que o livro de Eclesiastes nos ensinou: que há tempo para todo propósito debaixo do céu. Há tempo para ficar triste, mas há também tempo de alegrar-se. E são muitos os motivos que tenho para celebrar e ficar alegre.
Quais são os seus?
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