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Quando falta celebração

  Faz algum tempo que recebo um conselho — um feedback bem específico — das pessoas mais próximas a mim. E, claro, toda reflexão acaba virando texto (ou quase todas), então aqui estamos. O conselho/feedback é: "Celebre, Mari." Ou: "Está faltando mais celebração." E eu concordo com essas falas. Não sei por que celebrar as coisas da minha vida sempre foi tão difícil. Acredito que é porque estou sempre preocupada e focada na próxima coisa — seja na lista de afazeres, em alguma resolução, seja no motivo da minha mais recente ansiedade — ou talvez em algo ainda mais profundo, que eu não parei para sentar e sentir, tentando encontrar a raiz. E quando falta celebração, sinto-me insatisfeita, infeliz, ranzinza, e até esqueço de contemplar o quanto Deus tem feito na minha vida. É tão fácil olhar para a vida dos outros e celebrar suas conquistas, mas é tão complicado quando se trata de nós mesmos — pelo menos para mim. Acho que, no fundo, eu sempre fico esperando "qu...
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Junho: Romantizar o fim e fazer terapia

Todo o meu tempo na Irlanda do Norte e também o meu tempo de terapia — mais de dois anos e meio nesse processo todo — me transformaram. Ao passar por esse processo terapêutico, me tornei aquela pessoa que indica terapia para todo mundo. E realmente é muito bom conversar com um bom profissional, e melhor ainda é ouvir as palavras que proferimos, prestando atenção e tomando consciência de nós mesmos, dos nossos sentimentos e das nossas responsabilidades como pessoas adultas. Não diria que é um processo fácil ou sempre prazeroso, porque, na verdade, em muitos momentos é doloroso e nada prático. Quando tomamos consciência do porquê pensamos do jeito que pensamos, e de como fazemos nossas interpretações, é libertador — mas também desafiador. É aquela coisa de assumir responsabilidade por suas ações e reações. Mas, ao compreender tudo isso, o processo se torna muito gostoso, ainda que difícil. As melhores coisas da vida realmente nos custam (e ainda bem por isso). Ao fazer terapia, não dir...

Maio: Terminar bem e fim de ciclos

Este ano, tomei a decisão de não continuar na Irlanda do Norte após o vencimento do meu visto. Eu nem estava noiva ainda, e foram muitos os fatores que me levaram a essa decisão — que não vêm ao caso agora. A questão é que decidi encerrar meu tempo aqui (vou escrever mais sobre isso depois, foi e tem sido um tempo muito importante na minha vida).  Já mencionei em outros textos que o fim das coisas sempre é difícil para mim. Tenho um verdadeiro apego àquele versículo de Eclesiastes que diz que “melhor é o fim das coisas do que o início delas”. Tenho refletido sobre isso mais uma vez. Já foi dito que a única constante na vida é a mudança — e eu não poderia concordar mais, especialmente agora. Minha vida está prestes a mudar mais uma vez. Lidar com mudanças e com o fim de ciclos sempre envolve muitas coisas, e uma delas é a nossa saúde emocional. Para me ajudar com isso, o processo terapêutico tem sido indispensável. Desde que cheguei aqui, comecei a fazer acompanhamento psicológico ...

Abril: Ficar noiva, ir para Paris e o contentamento

Nada acontece do nada na vida de ninguém — algo que, no fundo, todos sabemos, mas que de vez em quando precisamos nos lembrar. Pensei em escrever tantas coisas, mas me pareceu uma justificativa, ou uma explicação, compartilhar como e por que tive a oportunidade de viajar e conhecer mais um país incrível. É estranho sentir quase uma culpa, como se eu precisasse pedir permissão, dado o meu contexto de vida aqui em Belfast e o que vim fazer (alô, terapia!). Assim como nada acontece do nada na vida de ninguém, a vida também não é feita só de luta atrás de batalha (graças a Deus!). Podemos, sim, aproveitar as coisas muito boas que nos acontecem às vezes — na verdade, todos os dias —, embora nem sempre consigamos enxergar. Abril foi um mês que não prometeu nada e entregou tudo: fui pedida em casamento com uma surpresa linda e tão a nossa cara (meu fofinho é demais!) e tive a oportunidade de conhecer Paris com a minha amiga Maressa. Para quem olha de fora, pode parecer que a minha vida é ...

Março: Rotina, relacionamentos e outros pensamentos

                                       (Foto da minha rotina de atividades com as crianças) Outro dia, estava lendo um texto que nem cheguei a publicar sobre rotina, algo bem poético, sobre um dia que andei num parque. O fato de o dia estar lindo me fez refletir sobre a rotina, as coisas comuns e tal. E o texto tinha um desfecho bem bonito. Foi escrito há quase um ano atrás e, no meu momento presente, achei meio piegas. Pois a rotina, nesses últimos dias, para mim, não tem sido nada bonita ou legal. Tá, eu até entendo meu ponto nesse outro texto sobre a vida ser ordinária e acontecer justamente em dias comuns, e o quanto a gente espera por coisas grandes para sermos felizes e considerarmos um bom dia, e por aí vai. Só que a questão também é que a vida pode ser bem chata e entediante às vezes. E o que a gente faz quando essa sensação perdura? Ouvi uma vez em um podcast que falava justament...

Fevereiro: celebrando Dia dos Namorados pela 2 vez, casamento de amigos e lidar com o luto

Fevereiro não promete nada e entrega tudo: 28/29 dias que passam rápido. Mais uma vez vivemos o segundo mês do ano que mal começando já foi lançando logo 10 dias e quando se viu, já estamos na última semana. Foi um mês curto, breve e cheio de acontecimentos. Celebrei o meu segundo Dia dos Namorados, namorando. Por essas bandas de cá é celebrado no dia 14/02. O que na real é uma grande bobeira, porque essas datas comemorativas acabam sempre tendo um fundo comercial que perde a graça, o gostoso mesmo é viver o dia a dia, a mensagem que nos pega de surpresa ao fim do expediente, perguntando como a vida me tratou, como foi aquela reunião no trabalho ou se consegui ir para a academia. Dia dos Namorados é quando posso passar um tempo de qualidade com o fofinho estando no mesmo espaço geográfico (quem namora `a distância vai entender ainda mais o que estou falando), e toda essa reflexão que cabe para todas as outras datas comemorativas. Não sou uma pessoa amargurada, ok? Celebramos esse d...

Janeiro: fazer algo pela primeira vez e aprender a ser flexível

       Creio que todo mundo em algum momento da vida já ouviu alguém falar sobre como  é gostoso fazer algo pela primeira vez, ou perguntando quando que foi a última que fizemos algo pela primeira vez. O mês de janeiro, sem dúvidas, e` um mês longo e para o hemisfério norte, frio e escuro. E foi nesse mês que fiz duas coisas pela primeira vez: fui a um jogo de hóquei e entrei para academia. O primeiro foi graças ao convite de uma amiga querida, e o segundo, o convencimento em terapia de que precisava fazer exercícios para o bem do meu corpo e da minha mente.        é   muito gostoso fazer algo pela primeira vez, principalmente quando não se tem aquela expectativa de ficar tentando pensar em como tudo será antes de viver a experiência, e só ir e viver tudo na íntegra. Foi assim com o jogo de hóquei, e tive uma noite surpreendente.       Sobre entrar para a academia; não posso dizer que gosto, que estou super empolgada, só ...