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Outubro: manutenção.

Se formos parar para refletir bem sobre a vida, perceberemos que muito dela é vivido na rotina — as mesmas coisas de sempre, feitas quase todos os dias. E assim, cada segundo, cada minuto que passa parece ser irrelevante no esquema geral das coisas, até percebermos que eles são toda a nossa existência — breve, mas não tão rápida. O mês de outubro tem sido um mês de manutenção por aqui. Acabei de me mudar para um novo apartamento e, entre comprar novos móveis, esperar chegar e lidar com muita bagunça, percebi o quanto a vida é sobre manutenção . Hoje limpamos a casa, para logo fazermos de novo. Estendemos as roupas no varal, para logo recolhê-las. E assim vai acontecendo todos os dias — ou, pelo menos, quase todos. E não falo isso como algo ruim ou negativo; pelo contrário, me considero uma pessoa fã de rotina. Ou melhor dizendo: não a amo de paixão, mas temos um relacionamento amigável. É aquela coisa de que pensamos odiá-la até começarmos a fazer algo diferente todos os dias ou tod...
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Me casei, e agora?

Até os meus 19 anos, casar era um sonho muito grande no meu coração. Não diria que era o maior sonho da minha vida, já que morar fora ocupava o primeiro lugar dessa lista. Assim como muitas meninas jovens, sempre gostei de livros e filmes românticos — li e assisti a muitos — e fui bastante influenciada por essa ideia hollywoodiana sobre o amor. Após os meus 19 anos e minha primeira desilusão amorosa (gostar de alguém que não correspondeu aos meus sentimentos), passei a dizer que me casaria com um gringo de olhos azuis. Não sei bem de onde tirei essa ideia ou essa possibilidade, já que morava no Brasil e não tinha nenhuma condição financeira de fazer intercâmbio nem nada parecido. Hoje, olhando para trás, penso que foi uma forma do meu coração se proteger de outra rejeição — desejando algo tão distante e improvável, as chances de me ferir eram mínimas. Então, passei a nutrir esse sonho, ou melhor, essa ideia, no coração. Ao longo dos anos, fui bastante confrontada por pessoas próximas...

Setembro: a humildade dos pequenos começos e o curso de alemão

Setembro mal começou e já tem sido um mês de muitos aprendizados e muita adaptação por aqui. Depois que me mudei de Belfast para a Alemanha, muita coisa vem acontecendo: muitas adaptações e novos começos, como falei um pouco no texto de agosto. Rolando pelo Pinterest um dia, vi uma citação com tom humorístico sobre o quanto, às vezes, a gente já quer ser muito bom em algo que acabou de começar, e pude me identificar com isso ainda mais nesse momento presente, fazendo um curso de alemão. Minha ideia ao chegar aqui foi ter alguma coisa para fazer, e voltar a estudar me pareceu uma boa forma de tentar receber algumas sugestões e dicas úteis de como poderia dar continuidade ao aprendizado dessa língua tão difícil e cheia de estigmas. Mas, preciso dizer: não tem sido fácil. Primeiro, porque o percurso até a escola é bem longo todos os dias, é preciso acordar super cedo e lidar com toda a complexidade que é aprender um novo idioma. Eu diria que essa é uma das experiências que mais tem me co...

Agosto: um novo começo e o ócio de possuir

Arthur Schopenhauer disse uma frase que se tornou famosa sobre a “ânsia de ter e o ócio de possuir”, e fiquei pensando nisso desde que cheguei aqui na Alemanha — dessa vez para ficar (esse é o plano). Já havia escrito anteriormente sobre a minha dificuldade pessoal em lidar com o fim dos ciclos e o quanto eu estava ansiosa para deixar Belfast e começar uma nova vida aqui, por vários motivos. Mas, quando cheguei, acho que finalmente essa frase me atingiu em cheio. Pensei: eu quis tanto estar aqui e, agora que estou, não sei bem o que fazer. Foi um sentimento de vazio, unido à sensação de que eu iria voltar, como tantas outras vezes em que estive aqui por um tempo curto — só que, desta vez, não é o caso. Confesso que minha ficha ainda está caindo sobre estar aqui, sobre começar uma nova vida, pensar e desenhar uma rotina, conhecer lugares, pessoas, aprender a língua e me redescobrir mais uma vez. Não é um processo fácil, muito menos rápido: demanda tempo, energia e tantas outras coisas q...

Sobre o amor

Indico a leitura do texto ao som dessa cancao:  https://www.youtube.com/watch?v=aM02uTDgGDU&list=RDaM02uTDgGDU&start_radio=1&pp=ygUjcXVlcm8gdGUgdmVyIHByYSBzZW1wcmUgY2Fpa2Ugc291emGgBwE%3D   Recentemente fui ao cinema (aquela coisa de me levar para sair, como sempre faço) e assisti ao novo filme romântico The Materialists , uma narrativa bem moderna sobre o amor e coisa e tal. Confesso que, em alguns momentos, me senti um pouco angustiada com os diálogos nus e crus sobre o amor, especialmente para a nossa geração: a fama que o casamento adquiriu de ser uma instituição falha e a busca incessante — diria até a idolatria — pelo amor romântico. Mas este texto não é sobre o filme, embora eu indicasse que você o assistisse, já que os diálogos são interessantes e sagazes de um jeito bom. Assistir a esse filme me atravessou. Desde que comecei a namorar, nunca escrevi um texto compartilhando um pouco da minha experiência, porque, na minha opinião, sinto uma certa vergonha alh...

Texto do fim do meu tempo em Belfast

Belfast me acolheu em um dos momentos mais dificies que ja passei (leia o post: relato de fe partes 1 e 2 no blog) foi aqui tambem que vivi grandes momentos, conheci muita gente bacana, vivi experiencias maravilhosas, surepreendetes e que em muitos momentos me faziam perguntar-me o porque de ser eu e nao outra pessoa porque na minha otica muitas vezes, outras pessoas mereciam mais. . Tres anos de Irlanda do Norte sendo dois servindo/trabalhando na City Church, e eu nao poderia prever que isso iria acontecer. Quando cheguei aqui nao achava que conseguiria ficar o primeiro ano, quem diria tres. Mas olha onde cheguei.  Belfast tambem me apresentou em uma nova versao minha, mais humana, mais real, e com isso aprendi a enxergar outra faceta de Deus tambem, que Ele nao muda quando nos mudamos, que Ele nao nos "joga fora" quando damos "defeito". Que Ele e e permanece fiel apesar de nos.  Aprendi  que a fe nao e uma coisa simples de se entender quanto mais de viver, e que e...

Julho: Meu aniversário, viagem para Maiorca e fazer listas

        Uma das coisas que sempre me ajudam muito quando me sinto ansiosa é escrever. Já relatei em outros textos a minha dificuldade de viver e encerrar ciclos, e desde o início do ano estive muito ansiosa depois de tomar a decisão de não continuar em Belfast, querendo que o tempo passasse rápido e que eu pudesse viver o próximo passo (aquela coisa da pressa de viver, e tal). Pensando e sentindo todos esses sentimentos conflitantes, resolvi escrever coisas que estavam para acontecer até o meu tempo aqui em Belfast finalmente terminar. Dentre elas, estava escrito: celebrar meu aniversário e a viagem para Maiorca com meu noivo e minha futura família alemã. Quando escrevi essa lista, senti como se tivesse motivos para ver o tempo passar sem todo aquele pesar da espera. Como li uma vez (e já escrevi sobre isso também), toda espera é sofrer o tempo, e não tem como fugir disso. Ao fazer listas dos eventos que estavam para acontecer, fui me animando e sentindo aquela ansie...